sexta-feira, 28 de setembro de 2012

60 anos

Hoje meu pai faz sessenta anos. Mais da metade desse tempo ele tem sido meu pai.
Desde que o conheço ele já foi muita coisa...já teve fama e dinheiro, já perdeu tudo, começou de novo muitas vezes, já passou por duas próteses de fêmur, um quase ataque cardíaco...já foi um pai incrível e outras vezes nem tanto...mas nunca, nem por um minuto deixou de ser o MEU pai. Um ser humano com defeitos como eu e você, mas também com um coração enorme. Eu e ele passamos por tanto juntos, só eu e ele em períodos difíceis da nossa vida em que a companhia e o cuidado era tudo que ele tinha pra dar, e isso era suficiente. Ele nunca foi um herói, nem sempre meu melhor exemplo, mas desde muito cedo me ensinou o que realmente importa..."filha quando perguntarem o que vc vai ser quando crescer, responda que você vai ser feliz!" Isso é o que realmente importa! E quando eu questiono meu caminho e minhas escolhas, penso que sou feliz sim, e lembro dele, e ele caminha comigo todo o tempo. Nesse anos todos pode ter faltado dinheiro, pode ter faltado diálogo, pode ter faltado um mundo de coisas, mas nunca deixou de haver muito amor. E orgulho de sabê-lo meu pai, mesmo nos dias mais escuros...porque ele me ama, acredita em mim e me respeita, do jeito que sou e na vida que escolhi, porque meus valores vem do que ele me ensinou, que felicidade é mais importante do que muito dinheiro...pelo menos foi assim que entendi...Hoje ele está ficando mais velho e acho eu, que um pouco mais ranzinza também...mas e daí? Ainda espero que ele tenha mais 60 anos pela frente pra continuar sendo sempre meu pai "preferido".
Paizinho, feliz aniversário!!! Amo-te por toda a vida!

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

"Ai, ai, ai, ai...ta chegando a hora"

Para Raphael Fernandes Prado

Se faz preciso acostumar com a idéia da ausência. Quer dizer, não com a idéia, porque ela existe desde que nos conhecemos, é então preciso se acostumar com o fato.
Chegou a hora.
É hora de se acostumar com a ausencia do convivio.
É hora de aprender que a saudade não vai se resolver com um telefonema, um convite pro almoço, um encontro ao acaso no chalezin ou uma pedalada de 5 min até sua casa.
É hora de desapegar da trilha sonora ao fundo...vc e o violão, quantas vezes, me fazendo companhia sem palavras nem conversas...
É hora de reavivar na lembrança as demonstrações mais deliciosas de "explosão de sabores"!!
É hora de convecer esse amor de amigo, que é possessivo e egoísta e não quer te ver partir, de que o desapego é preciso.
É hora de me convencer de que talvez a saudade, que vem, nem vai ser tão doída, de que o tempo vai passar rápido e que, antes que fique realmente dificil, vc vai estar de volta.
É hora de desejar com todo o coração que essa viagem seja exatamente tudo o que você espera...

Despedida

Rubem Braga


E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.

Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.

E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?

Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.

Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.

A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.


segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

From Gabriela Rozman

Uma grande pequena amiga, na distante Londres, viu e lembrou de mim...
It's good to be remembered!

https://www.youtube.com/watch?v=XCMczEBuII4


http://www.sodez.com.br/