Ultimamente tenho tido algum tempo livre, gasto pensando
muitas coisas dentro dessa minha cabeça que nunca para (por mais que eu tenha
tentado silencia-la, em doses homeopáticas de 5 minutos duas vezes ao dia pra
começar o que eu espero se torne uma prática efetiva e disciplinada de
meditação) e hoje me peguei pensando sobre a tal da culpa...afinal de contas o
que é, de onde vem e porque nos apegamos tanto à ela???
Não pretendo responder a nenhuma dessa perguntas, mas nesse
pensar e pensar e pensar alguns caminhos
me fizeram sentido...me faz sentido pensar que sentir e incorporar a culpa é só
mais uma forma de nos vitimizarmos, de alimentarmos o ciclo de auto-piedade tão
comum e cômodo nesse bicho gente que somos. Mais ou menos assim: eu errei feio,
muito feio com alguém, reconheço esse erro, e me desculpo sinceramente mas, ao
invés de assumir, me responsabilizar e lidar com as desagraveis consequências
desse erro, ao invés de adaptar-me a essas consequências e seguir em frente,
abraço a culpa e me sinto muito, muito mal pelo erro que cometi, por um tempo
indeterminado, sinto a culpa, vivo a culpa, e passo o tempo apiedando-me de mim
mesma por ter errado tanto e não poder voltar no tempo e fazer diferente e blá
blá blá...e enquanto abraço a culpa a vida para, a vida passa e eu continuo alí,
remoendo o passado, o erro, sentindo dó de mim, mais uma vítima da culpa. Já fiz isso, provavelmente muitas vezes, hoje
não faço mais. Todo mundo erra. Sem exceção. Reconhecer, se responsabilizar e
lidar com o que vem depois do erro, com todas as consequências e desdobramentos
causados por ele na minha vida e na dos
demais envolvidos é o caminho que encontrei pra seguir e viver melhor com o que
ainda está por vir, porque voltar no tempo e consertar a cagada não é mesmo
possível. E abraçar a culpa e me fazer de vítima, é um comportamento que não me
serve mais. O que me serve é abraçar um caminho leve e todo o
universo de possibilidades que ele me traz.
Imagem: http://eduardocarvalho.net/a-anatomia-da-culpa/
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