domingo, 7 de dezembro de 2008

A dança de Shiva



Na noite de Brahman, a natureza acha-se inerte e não pode dançar até que Shiva o determine: Ele se ergue de seu êxtase e, dançando, envia através da matéria inerte ondas vibratórias do som que desperta e, vêde!, a matéria também dança, aparecendo como uma glória que o circunda. Dançando, Ele sustenta seus fenômenos multiformes na plenitude do tempo, dançando ainda, Ele destrói todas as formas e nomes pelo fogo e lhes concede novo repouso. Isto é poesia e, contudo, também é ciência.
(Ananda C.)
A dança de Shiva simboliza não apenas os ciclos cósmicos de criação e destruição, mas também o ritmo diário de nascimento e morte, visto no misticismo como a base da existência. Ao mesmo tempo, Shiva lembra-nos que as múltiplas formas do mundo são maya - não fundamentais mas ilusórias e em permanente mudança - na medida que segue criando-as e dissolvendo-as no fluxo incessante da sua dança.
(...)
A mão direita superior do deus segura um tambor que simboliza o som primordial da criação; a mão esquerda superior sustenta uma língua de chama, o elemento de destruição. O equilibrio das duas mãos representa o equilibrio dinâmico entra a criação e a destruição do mundo, acentuado ainda mais pela face calma e indiferente do Dançarino no centro das duas mãos, no qual a polaridade entre criação e destruição é dissolvida e transcendida. A segunda mão direita ergue-se num gesto que significa "Não tenha medo", expressando manutenção, proteção e paz; por sua vez, a mão esquerda remanescente aponta para baixo, para o pé esrguido e que simboliza a libertação da fascinação de maya. O deus é representado dançando sobre o corpo de um demônio, símbolo da ignorância do homem e que deve ser conquistado antes que seja alcançada a libertação.
(F. Capra)