sábado, 26 de abril de 2014

da culpa

Ultimamente tenho tido algum tempo livre, gasto pensando muitas coisas dentro dessa minha cabeça que nunca para (por mais que eu tenha tentado silencia-la, em doses homeopáticas de 5 minutos duas vezes ao dia pra começar o que eu espero se torne uma prática efetiva e disciplinada de meditação) e hoje me peguei pensando sobre a tal da culpa...afinal de contas o que é, de onde vem e porque nos apegamos tanto à ela???

Não pretendo responder a nenhuma dessa perguntas, mas nesse pensar  e pensar e pensar alguns caminhos me fizeram sentido...me faz sentido pensar que sentir e incorporar a culpa é só mais uma forma de nos vitimizarmos, de alimentarmos o ciclo de auto-piedade tão comum e cômodo nesse bicho gente que somos. Mais ou menos assim: eu errei feio, muito feio com alguém, reconheço esse erro, e me desculpo sinceramente mas, ao invés de assumir, me responsabilizar e lidar com as desagraveis consequências desse erro, ao invés de adaptar-me a essas consequências e seguir em frente, abraço a culpa e me sinto muito, muito mal pelo erro que cometi, por um tempo indeterminado, sinto a culpa, vivo a culpa, e passo o tempo apiedando-me de mim mesma por ter errado tanto e não poder voltar no tempo e fazer diferente e blá blá blá...e enquanto abraço a culpa a vida para, a vida passa e eu continuo alí, remoendo o passado, o erro, sentindo dó de mim, mais uma vítima da culpa.  Já fiz isso, provavelmente muitas vezes, hoje não faço mais. Todo mundo erra. Sem exceção. Reconhecer, se responsabilizar e lidar com o que vem depois do erro, com todas as consequências e desdobramentos causados por ele na minha vida e na dos demais envolvidos é o caminho que encontrei pra seguir e viver melhor com o que ainda está por vir, porque voltar no tempo e consertar a cagada não é mesmo possível. E abraçar a culpa e me fazer de vítima, é um comportamento que não me serve mais. O que me serve é abraçar um caminho leve e todo o universo de possibilidades que ele me traz.

Imagem: http://eduardocarvalho.net/a-anatomia-da-culpa/