sábado, 11 de janeiro de 2014

nem melhor nem pior

Já faz um tempo que li esse texto aqui, escrito por esse cara aqui, que vive em Amsterda. O texto é ótimo, põe a gente pra pensar...tanto que depois fica difícil não reparar no comportamento oposto, e tido como normal, que se repete diariamente na nossa sociedade brasileira. Esse comportamento arrogante e, no meu ver, completamente injustificado de se sentir mais e melhor do que o outro...seja lá quem for o outro. Essa mania de se achar muito especial porque tem esse ou aquele título, mais grana ou mais beleza do que o cara ao seu lado. Hoje em dia eu trabalho diretamente com o atendimento ao público no café que abri, e sinto isso na pele. E se já achava esse tipo de comportamento uma merda, agora, do outro lado acho ainda mais...quando vc paga por um serviço, seja ele qual for (a pessoa que limpa sua casa, cuida dos seus filhos, vende o café, cuida da sua saúde, atende vc em uma loja, conserta seu carro, faz seu importo de renda....não importa), isso não torna esse prestador menor que você. Não o torna seu empregado. Não lhe dá o direito de trata-lo com menos respeito, com julgamentos ou arrogância. Todas essas pessoas são necessárias para suprir uma necessidade, realizar uma tarefa do ou para outro que, por impossibilidade, incapacidade ou apenas falta de vontade, vai passar a bola para o prestador de serviço. Eu costumo dizer pra Sheila, a pessoa querida que cuida, por mim, da minha casa, que ela é minha salvadora. Ela me presta um serviço que não gosto de fazer e que também não tenho tempo...ela é minha parceira, ela me ajuda cuidando do meu espaço, ela me quebra um monte de galhos e eu os dela...eu sei da vida difícil que ela teve, eu admiro a mulher que ela é e a capacidade de trabalho que ela tem, e não é o quanto ela estudou, o que ela tem (e certamente ela tem mais e ganha muito mais que eu, não há dúvida!) ou o serviço que ela presta que a definem. Sou grata a ela pelos anos de cuidado que ela tem tido comigo, com meu cachorro e com a minha casa. E daí que eu tenho um diploma e sou dona de um café? Continuo não sendo mais que a Sheila, nem ninguém. Não estou aqui tentando fazer pose de perfeita, também faço julgamentos precipitados, tenho o péssimo defeito de me julgar muito inteligente e às vezes me pego "me sentindo" grande coisa mas hoje eu me esforço pra identificar e bloquear esse comportamento, e mesmo que eu não consiga impedi-los pra sempre, e sei que não vou, eu durmo um pouco mais tranqüila por saber que estou tentando.